Para os que Queriam Saber
Quem eu Sou
Bem, eu sou Gustavo Elienay Castro Sousa, natural de Uruburetama-Ceará, tenho 25 anos, atualmente moro em Fortaleza, não por opção mas por necessidade. Sou filho de um agricultor hoje comerciante e de mãe funcionaria pública do estado.
Sou mais um jovem uruburetamenses que vive o dilema de ter que deixar sua cidade para poder buscar oportunidades de estudo, trabalho e melhoria de vida.
Já que Uruburetama como a maioria dos municípios do interior do Ceará, não nos dar tantas oportunidades como deveriam.
Estou aqui não para me desculpar, porque nada fiz de errado. Nem para me redimir, porque o que eu quis passar foi realmente bem entendido por todos.
Venho por meio desta expor meu sentimento de liberdade que está manchado e para aqueles que estavam me procurando pelas ruas, "para saberem quem sou".
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A política vem mudando em meio ao tempo. Hoje podemos votar livremente, escolher nossos representantes, podemos escrever e falar o que pensamos sem que sejamos perseguidos ou intimidados pelos militares ou pelo poder democrático. Assim querem que pensamos.
A juventude aprendeu com o tempo a lutar por ideais comuns para uma sociedade que sempre foi uma marionete dos poderosos.
Morei pouquíssimo em Uruburetama, logo criança com dois anos fui morar com meus avós em Fortaleza, visitando Uruburetama só nas férias, tenho poucas lembranças daquela época, mas sempre me lembro dos prantos na hora de retornar a capital.
Com nove anos, retornei para Uruburetama onde pude enfim viver nessa que para me, é um recanto de paz e onde me sinto muito bem. Por três anos estudei no Colégio Maria Júlia Maia Bonfim no qual tenho todo o carinho e saudade, sem falar que pela primeira vez tive o convívio de meus pais, meu irmão e familiares que aqui residem.
No fim do ano de 1999 aos doze anos de idade fui convidado por minha tia SaleteVasconcellos, para morar e estudar em Natal-RN, aos seus cuidados. Digo que os anos que lá vive foi um intensivo na minha vida, em cinco anos aprendi muito, o que se estivesse em Uruburetama talvez não aprenderia ou então o aprendizado fosse mais lento. Lá, foi onde o amor a minha cidade aflorou e a distância foi me fazendo olhar para Uruburetama de uma forma mais crítica e com muito mais carinho.
Em 2005 retornei a casa de meus pais, onde passei apenas alguns meses, e com a ajuda de um tio consegui meu primeiro emprego em Fortaleza. Neste passei quatro anos e meio, me dedicando somente ao meu ganha-pão e nas pouquissimas folgas visitava minha cidade e meus pais em Uruburetama.
Nesse período em fortaleza conheci alguns amigos uruburetamenses que também deixaram sua cidade, familiares e o aconchego do lar, para lutarem por seu meio de vida, e na luta pela conquista de um futuro melhor. Assim como eu, esses amigos demonstraram a vontade de um dia poder voltar a morar e viver sua vida na nossa cidade. O amor em comum a Uruburetama nos fez muito amigos, e a vontade de fazer algo por nossa cidade era visível, instigante e nostálgica.
Quando fomos apresentados a um meio de viver nossos ideais legitimamente e entrarmos na luta por melhorias para Uruburetama.
Nascia ali o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em Uruburetama. Éramos não mais que cinco jovens com ideais utópicos, é bem verdade. Para um grupo de jovens sem dinheiro nem famílias importantes, "porque é assim que se faz política em Uruburetama". Com dinheiro e berço.
Não foi bem do jeito como gostaríamos, a distancia entre nós e Uruburetama atrapalhou muito nossos planos do partido crescer e ser um meio do jovem uruburetamense se engajar na política partidária.
Tivemos baixas já no início, quando íamosconversar com algumas pessoas e mostrar nossas ideias, éramos logo desconversados, porque jovens que tem pais ou familiares trabalhando na prefeitura não podem ser partidários de outras lei se não a do prefeito e seus comandados.
Continuamos tentando mas a falta de apoio nos faz pensar, como é que as vidas de pessoas podem ser controladas por medo de repressão, em pleno século XXI.
É visível que quando comecei a expor minhas ideias, textos e posições seja no facebook ou no meu blog. Logo veio as primeiras repressões, mesmo que indiretas mas reais, que podem também resvalar na minha família. Já ouvi ate cosas do tipo "cuidado", "para com isso, você ta querendo é apanhar", "política sem dinheiro em Uruburetama é igual a mendigar em portas de ricos, elas não vão se abrir!". Essas frases veio do povo, mas é o mais vergonhoso sentido que vem do inconsciente repressivo que o povo já viveu e ainda vive.
É vergonhoso ter que se ajoelhar a essas coisas, a política era pra ser um meio de homens dignos defenderem seus ideias e conceitos, única e exclusivamente para o bem do seu povo. Não para que cheguem ao poder pelo povo e depois escraviza-los, com leis que ficam nas entre linhas, mas que o povo as conhecem muito bem.
Estou aqui como um filho de Uruburetama uma terra que clama, por sua cultura, por seus filhos que foram embora, e por sua fama outrora tão linda e plena que o poeta declama.
Afirmo que ameaças ou repressões não vão me calar ou amedrontar, porque confio nas lei do Senhor, ele permitiu aos seus viverem livres, e não podemos ainda vivermos sob o jugo dos poderosos.
Espero que eu possa continuar lutando por Uruburetama, ainda que meio aos espinhos, mas é como se defende uma mãe, como farei ou como faria com a minha. A defenderei até com a minha vida.
Peço desculpas a meus familiares e amigos se mesmo sem querer os prejudiquei.
Gustavo Castro