A EPOPÉIA DO ACRE
João Gabriel de Carvalho e Melo, de Uruburetama para a História do Acre
Na manhã do dia 3 de fevereiro de 1878 o "gaiola" ANAJÁS, pertencente à "Companhia de Navegação do Amazonas", cruzou a foz e atracou no barranco do rio Aquiri, assim chamado pelos "Apurinãs", habitantes primitivos daquela região. O sítio, hoje denominado Boca do Acre, dista 2.422 milhas marítimas do porto de Belém, local de início da longa singradura fluvial. A distância em relação até Manaus, capital do estado do Amazonas, é de 1.497 milhas, sendo de 1.380 milhas o caminho percorrido desde a foz do rio Purus.
Embarcado no "ANAJÁS", como afretador do navio, estava o bem sucedido seringalista João Gabriel de Carvalho e Melo, natural de Uruburetama, estado do Ceará, acompanhado de vários familiares, recentemente recrutados pelo parente próspero, e muitos trabalhadores, também cearenses, contratados pelo mesmo João Gabriel, para a extração do látex das seringueiras existentes na nova "colocação", selecionada desde 1874, por este cearense que pioneiramente se estabeleceu no importante afluente do Purus.
No ano de 1857, João Gabriel, recém-chegado ao Purus, selecionara uma área vizinha a alguns lagos, em cujas margens viviam os "Jamamadís", que batizaram o local com o nome de "Tauariá" (409 milhas, rio acima, da foz do Purus).
Durante anos a fio João Gabriel explorou os seringais nativos de Tauariá e prosperou muito, principalmente devido ao fato de lá permanecer ininterruptamente, sem "baixar" a Belém no "inverno".
Nesse meio tempo teve como vizinhos o célebre Manoel Urbano da Encarnação, que antes de 1865 já havia subido por quatro vezes o Purus, em viagens de exploração, e o não menos famoso Antônio Labre, o primeiro a atravessar os "Campos Gerais do Puciarí", entre o Madeira e o Purus, para depois se fixar no trecho vizinho à boca do Ituxí, onde hoje se situa a cidade de Lábrea (786 milhas da foz do Purus).
Agora, percebendo a fertilidade das terras a montante de "Tauariá", João Gabriel decidira mudar de pouso e, para tanto, já avisara à firma aviadora do Visconde de Santo Elias, para alterar o destino das suas mercadorias, antes despachadas para "Tauariá", agora para a nova exploração do Aquiri.
Com a determinação para alterar o destino das suas cargas, João Gabriel de Carvalho e Melo foi o responsável, involuntário, pelo "batismo" das novas terras, situadas a sudoeste do estado do Amazonas, com o nome de "Acre". Os portugueses da firma aviadora, devido ao sotaque peculiar dos lusitanos, transformaram, por síncope, Aquiri em Acre.
Vinte e quatro anos decorridos, no fim do primeiro semestre de 1902, chegou aos seringais do Acre a notícia de que a Bolívia arrendara para uma empresa estrangeira, companhia de carta do tipo usado para a "colonização da África", aqui denominada "Bolivian Syndicate", todas as terras que figuravam nos seus mapas antigos como "tierras non descubiertas".
No seringal de João Galdino de Assis Marinho, aonde vinha demarcando as posses, o fato novo chegou aos ouvidos de José Plácido de Castro, que registrou no seu diário o seguinte comentário:
"Veio-me à mente a idéia de que a pátria brasileira se ia desmembrar, pois a meu ver, aquilo não era mais do que um caminho que os Estados Unidos abriam para futuros planos, forçando desde então a lhes franquear a navegação dos nossos rios, inclusive o Acre. Qualquer resistência por parte do Brasil ensejaria aos poderosos Estados Unidos o emprego da força e a nossa desgraça em breve estaria consumada. Guardei apressadamente a bússola de Casella, de que me estava servindo, abandonei as balisas e demais utensílios e saí no mesmo dia (23 de junho de 1902) para as margens do Acre".
Imediatamente, dirigiram-se José Galdino de Assis Marinho e Plácido de Castro para "Bom Destino", seringal explorado por Joaquim Vitor da Silva, situado a 94 milhas a montante da Boca do Acre, já nos limites do atual estado do Acre.
Joaquim Vitor da Silva, personagem esquecido pela História, foi, nada mais nada menos, o líder civil de um movimento, já em curso, que contestava a soberania boliviana sobre as terras ocupadas pelos brasileiros, na sua maioria cearenses retirantes da grande seca de 1877-1879.
Aquele momento histórico, chegada de Plácido de Castro a "Bom Destino", marcou o encontro do chefe civil com o futuro chefe militar da bem sucedida "Revolução Acreana!".
João Gabriel de Carvalho e Melo é o personagem principal de uma trama que se passa nos seringais amazônicos. Desiludido com a vida depois que o tio da mulher se nega a lhe vender uma novilha a prestação, sai de casa em busca do eldorado. À procura da riqueza, descobre a solidão. Aferrado à ideia do regresso, embrenha-se cada vez mais na floresta para tornar-se o primeiro desbravador das terras acreanas. Seu rastro seria seguido por milhares de aventureiros. E essa migração haveria de resultar em um conflito armado entre o Brasil e a Bolívia.
Amazônia dos brabos baseia-se em fatos e personagens reais. É a história dos que enfrentaram as piores provações por acreditar nos sonhos. É uma ode aos que lutaram em uma guerra inglória para fazer do Acre um pedaço do Brasil. E uma homenagem aos que fazem da perseverança uma alavanca capaz de mover o mundo.
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FONTE:Partido Nascional Democratico, A Epopéia do Acre
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CONHEÇO MUITO BEM ESSA HISTORIA, EU TIVE O PREVILEGIO DE LER ESSE LIVRO POR 3 VEZES,SOU AMAZONENSE DA CAPITAL NASCIDO E CRIADO,SOU SOBRINHO-TATARANETO DE JOAO GABRIEL DE CARVALHO E MELO E NETO DE NILO DIOGO DE MELO QUE É IMAO DE MARIO DIOGO DE MELO O AUTOR DO LIVRO,QUE CONTA TODA HISTORIA DE JOAO GABRIEL,,,TENHO MUITOS PARENTES EM BOCA DO ACRE DESCENDENTES DE JOAO GABRIEL,,,UM GRANDE ABRAÇO A TODOS MEUS PARENTES RESIDENTES EM BOCA DO ACRE
ResponderExcluirSOU SOBRINHO TATARANETO DE MARIANA PAZ D'AVILA, ESPOSA DE JOÃO GABRIEL DE CARVALHO E MELO. MINHA MÃE CONTAVA MUITAS HISTÓRIAS INTERESSANTES DA GRANDE AVENTURA DO ILUSTRE E DESTEMIDO COMENDADOR. AQUI NO CEARÁ, MUITOS PARENTES DESCENDENTES DA FAMÍLIA DE MARIANA PAZ, AINDA HOJE SÃO PROPRIETÁRIOS DE TERRA ADQUIRIDA A PARTIR DO VASTO PATRIMÔNIO DEIXADO POR JOÃO GABRIEL. GUARDO, COM CARINHO, O LIVRO "DO SERTÃO DO CEARÁ ÀS BARRACAS DO ACRE " DE AUTORIA DE MÁRIO DIOGO DE MELO, O QUAL CONTA, COM RIQUEZA DE DETALHES, A SAGA VITORIOSA DESTE GRANDE BENFEITOR, O COMENDADOR JOÃO GABRIEL DE CARVALHO E MELO. (Sou Humberto Rodrigues Paz, filho de Maria Paz, sobrinha neta de Mariana Paz, esposa do comendador João Gabriel. Sou de Itapajė, vizinho à Uruburetama, terra natal do Comendador, e moro em Crateús- Ceará.)
ResponderExcluirUMA CORREÇÃO: SOU HUMBERTO RODRIGUES PAZ, SOBRINHO BISNETO DE MARIANA PAZ D'AVILA, E NÃO, SOBRINHO TATARANETO, COMO FOI COLOCADO NO COMENTÁRIO ACIMA.
ResponderExcluirSou descendente de Januário Rodrigues de Souza (mãe/vô: Mozar Rodrigues de Souza/..../Januário) ele estava na expedição de 1878, o irmão do meu avô falava que alguém(mãe ou vó) tinha viajando pro oriente médio, estou tentando montar a árvore da minha Família, se alguém puder me ajudar agradeço. infomarreira@gmail.com
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