"Antes sentia dor no coração. Agora tô alegre"
Com 5 anos, Luna Pereira se tornou a
cearense mais jovem a receber transplante de fígado. A equipe médica
responsável pela operação considera que o procedimento foi uma "inovação
tecnológica"
Luna Pereira é uma criança franzina. Apesar do aspecto abatido, os
olhos grandes e o riso fácil da menina de 6 anos transluzem candura.
Antes amarelados, hoje irradiam brilho. O cabelo escuro realça as
fivelas de laço cor de rosa. A ocasião pede. Ela sabe que entrou para a
história - a própria história de vida. Mas, não apenas por ter sido a
primeira criança mais jovem a receber transplante de fígado no Ceará,
Luna representa um caso de esperança para a medicina.
A
ocasião é duplamente especial. Ontem, no dia em que recebeu alta, Luna
completou 6 anos. O presente? Além de mimos e abraços, uma boneca, com a
qual ficou agarrada durante todo o tempo em que comemorou o aniversário
no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) na manhã de ontem. Ela foi
transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hias após a
operação, realizada no dia 18 de maio. Antes de voltar para casa, Luna,
que confessa estar com saudades dos irmãos, tranquiliza: “Tô melhor.
Antes sentia dor no bucho e no coração. Agora tô alegre”.
Natural
de Santa Luzia, distrito de Uruburetama (a 127,3km de Fortaleza), Luna
era vítima de hepatite fulminante. Há 20 dias, apresentou os sintomas
típicos da enfermidade: amarelidão nos olhos e no corpo, além de inchaço
na barriga. “Não fiquei com medo. Pedi a Deus que me desse força”,
relatou a mãe, Lucilene Pereira, sobre o momento em que descobriu a
necessidade do transplante. Antes da operação, Lucilene explicou à filha
sobre o procedimento: “Ela ficou tranquila”.
A cirurgia foi
realizada pela equipe médica do serviço de transplante de fígado do
Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) da Universidade Federal do
Ceará (UFC). Christiane Araújo, hepatologista pediátrica, participou da
intervenção. “Ela é a mais nova criança em idade e peso a ter recebido
transplante de fígado”. Na época com 5 anos, Luna pesa 15 quilos. O
doador foi um adolescente de 15 anos com 36 quilos. Foram aproveitados
40% do fígado, que passou por redução para caber na receptora.
Christiane
explica que a oportunidade permite aproximar as equipes do HUWC, que
realizou a intervenção cirúrgica, do Hias, responsável pelo
pós-operatório. O acompanhamento no hospital foi feito pelas médicas
Amália Lustosa, Edna Marques e Hildênia Baltasar. Conforme Amália, a
criança apresenta menos rejeição do órgão do que o adulto. Ela explica
que os cuidados a partir de agora são com o uso de imunossupressor pelo
resto da vida, para evitar a rejeição, além da prevenção contra
infecções.
ENTENDA A NOTÍCIA
Antes,
o Ceará encaminhava crianças com menos de 8 anos a estados como São
Paulo para serem transplantadas e acompanhadas. Agora, com o sucesso do
transplante, a equipe organiza convênio com o Ministério da Saúde para
que as crianças doentes não precisem sair do Estado.
FONTE: O POVO Online
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